O conto “O Retrato” faz parte de uma coletânea publicada em 1835 por Nicolai Gogol reconhecido pelo expressivo realismo em suas obras literárias. Nascido na Ucrânia, Gogol destacou-se na Rússia por retratar a sociedade local, de forma combativa e irônica.
Nesse conto, o autor nos apresenta o jovem Tchartkov, um
promissor estudante de artes, mais precisamente pintura a óleo. Em seu humilde
ateliê, ele dedicava-se em estudar grandes mestres da pintura, retratando parte
de suas obras.
Para o seu mestre, Tchartkov era um jovem talentoso e
impaciente. O rapaz era consciente que
precisaria estudar mais alguns anos e conhecer melhor a técnica de pintores
renomados. Mas a falta de recursos financeiros era angustiosa. Ele precisava se
alimentar, se vestir e pagar o aluguel.
Certo dia, o jovem pintor parou em uma loja de artes
inaugurada próxima de sua residência. Olhava os quadros de forma distraída e
desprezava a baixa qualidade e o mau gosto das pinturas.
O vendedor se esforçava para vender algum quadro, porém
Tchartkov não demonstrava qualquer
interesse. Mas o jovem continuava percorrendo a galeria apenas observando de
forma despreocupada.
De repente, observou um quadro todo empoeirado e ficou
surpreso com a qualidade dos traços. Não havia dúvida, a expressividade no olhar
havia sido retratada por um pintor talentoso.
Ao perceber o interesse de nosso protagonista por aquela
velha pintura, o vendedor insistiu e efetuou a venda. Tchartkov entregou sua
última moeda e saiu arrependido daquela loja. Naquele momento, ele passava por
inúmeras necessidades e aquela tela pouco representaria para os seus estudos.
A tela retratava um velho vestindo um imenso traje
asiático. Porém, seus olhos foram pintados de forma expressiva e intrigante.
Pareciam vivos e Tchartkov não parava de observar, passando a sofrer com
pesadelos com a referida imagem.
Aquele retrato havia sido encomendado por um rico senhor
que fazia fortuna através dos empréstimos com juros elevados. Era uma pessoa
enigmática, de pouco convívio social e conhecido agiota, procurado por
necessitados e desesperados.
A narrativa de Gogol é rica em detalhes do cotidiano
russo, com pinceladas de fantasia e muita ironia. Ele nos apresenta uma
subversão de valores e a mudança comportamental decorrente da ascensão social.
Conforme observado nos contos “O Capote”, “O Nariz” e
“Diário de um Louco”, a mensagem é transmitida de forma objetiva. Podemos
perceber que o toque surreal em suas obras acentua a visão crítica em relação
ao cenário da época.
No conto "Diário de Um Louco", o autor aborda a
vida de um funcionário público e o desenvolvimento do seu processo de loucura.
A narrativa é bem humorada e inicia com a descrição da paixão platônica do
protagonista pela filha de seu chefe.
No conto “O Nariz”, Gogol retrata a surpresa do barbeiro
Ivan Iákovlievitch ao cortar um pedaço de pão e encontrar um nariz pertencente
a um dos seus clientes. Na mesma manhã o assessor escolar Kovaliov percebe de
forma surpreendente o sumiço do seu nariz e inicia uma longa busca. O absurdo do
acontecimento é narrado com muito humor e ironia.
A literatura russa nos proporcionou obras grandiosas
escritas por excelentes mestres, entre eles, Nikolai Gogol.