sexta-feira, 8 de junho de 2018

O Capote


 Trata-se de um pequeno livro e brilhante obra literária produzida em 1842 por NiKolai Vassilievitch Gogol.

Em uma narrativa crítica e objetiva, o autor apresenta a história de Akaki Akakiévitch, um simples funcionário do Ministério Russo, responsável pela preparação de cópias dos documentos utilizados em controles administrativos.

Era considerado um homem de poucos hábitos, reservado, sem reconhecidos talentos, evasivo e sem aspirações pessoais e profissionais.  Muito pobre, residia sozinho, não desfrutava de bons relacionamentos e era motivo de piadas em seu ambiente de trabalho.

O constante uso do único casaco e o intenso inverno de San Petesburgo exigiam reparos periódicos e os remendos estavam descaracterizando o capote. Mais um desgaste e seria impossível efetuar o conserto.

Infelizmente para Akaki, o dia chegou de forma inesperada e seria necessário um novo casaco. Constrangido, ele juntou todas as suas economias e passou por muitas privações, mas conseguiu comprar um belo tecido e encomendar um novo casaco.

Certo dia, para a surpresa dos colegas de trabalho, ele aparece com a nova vestimenta. O tecido era muito bom e o feitio era moderno. Todos ficaram admirados com o seu novo casaco e o cumprimentaram de forma efusiva.  Vestindo um belo capote, ele não demoraria a criar novos relacionamentos e ser convidado para festas.

A narrativa descreve um homem comum, humilde, pobre, trabalhador e com dificuldades para fazer amizades. Gogol ainda retrata de forma irônica o ambiente burocrático em uma repartição governamental. Critica a rotina, a frieza no relacionamento e os interesses difusos.

A história apresenta algumas  reviravoltas e deixa o leitor incomodado com o desrespeito ao ser humano preterido por seu comportamento introvertido.  O realismo é tratado de forma acentuada e para melhor compreensão do pequeno livro seria recomendável conhecer um pouco a biografia de Nikolai Gogol e o czarismo vivenciado pela Rússia nessa época.

O escritor iniciou sua carreira como funcionário burocrático em um escritório ministerial e efetuava ácidas críticas ao Governo e seus funcionários. Sem alternativa, ele decidiu partir para a Europa e conhecer algumas cidades e continuar suas obras literárias, sem o devido reconhecimento russo.

Ele exerceu grande influência nos grandes literatos russos e em escritores de outras áreas, como Kafka em “O Processo”. Escreveu grandes obras clássicas, como “O Nariz”, “Diário de um Louco”, “O Capote” e “Almas Mortas”.

Essa última obra foi inspirada por um grande escritor, que veio a ser um bom amigo, Alexandre Púchkin. Foi considerada por críticos literários como sendo a primeira novela russa moderna.

O romance descreve de forma sátira a nobreza russa em 1800. Naquela época, os proprietários de terra mediam sua riqueza pelo número de almas que possuíam e eram utilizadas em suas terras.

Embora as duas obras mencionadas tenham sido escritas há muito tempo e em momento singular da história russa, podemos verificar o comportamento do ser humano na difícil tarefa de viver. A insana luta por riqueza e poder é apresentada em diversos ângulos e sempre notamos a presença de falsos líderes e suas promessas populistas.

O livro “O Capote” pode ser estudado sob a ótica dos direitos humanos, devendo ser considerado a sua época e o contexto econômico, político e social.